O processo de desistência sempre é doloroso. Talvez o termo não seja desistência e sim escolhas. É doloroso não só porque temos que tomar decisões, mas porque teremos que lidar com os olhares e comentários do outro. O que, particularmente, não importa tanto. Como diz a arquiteta e intelectual Joice Berth:
O que as pessoas penam a seu respeito, seja bom ou ruim, é um direito delas. Não transforme isso em uma dependência ou em um problema. Liberte-se da necessidade da aprovação alheia. Isso atrapalha suas escolhas, limita sua vida e compromete sua saúde emocional.
Foi assim comigo quando pedi demissão do Profissão Repórter, da Rede Globo. Até hoje tem gente inconformada. Mas essa mesma gente não perguntou como estou com isso. Mesmo não perguntando, eu respondo: estou maravilhosa! Tive que escolher entre me dedicar 100% a TV ou apostar nos meus projetos pessoais. E escolhi a segunda opção.
Tenho recebido depoimentos desesperados de profissionais que querem sair dos empregos, mas infelizmente, não conseguem. Isso porque precisam pagar as contas, claro. O motivo de querer sair está relacionado ao estresse, esgotamento físico e mental, falta de reconhecimento e baixo salário.
Lendo esses depoimentos, revendo o que fiz até aqui, comecei tomar umas decisões para 2019. A primeira é continuar viva, a segunda é estar e continuar mentalmente saudável e espiritualmente em paz. A terceira é fazer aquilo que venho deixando de lado, porque não estava nas prioridades da minha vida, mas agora sim.
Das coisas que abri mão até hoje, não desisti de nenhuma. Escolhi a que me faz bem. E fazer bem significa não chegar no pico de estresse, beirando o burnout (esgotamento físico e mental). Significa ter tempo para família e amigos. Poder ir para as festas e não ficar na intenção de trabalho. Não fazer do meu WhatsApp lugar apenas para trabalho e não deixar o e-mail me causar ansiedade.
E nunca vi a desistência como um problema. Na verdade encaro como uma pausa. Preciso pensar com calma pra ver se é isso mesmo que eu quero. Claro que tem o fato dinheiro envolvido, mas mesmo assim coloco na balança as duas coisas.
As pessoas projetam em outras, todas suas expectativas. Isso significa que se eu abrir tudo que neguei até hoje, talvez vão querer me matar. Porque, provavelmente, poderia ter realizado o sonho de alguém, mas não o meu.
Recebi alguns convites irrecusáveis, mas que tive que recusar. E outros que me trazem paz e realiza o sonho da criança que eu era aos 8 anos.
E como disse minha amiga, irmã e comadre, Mariana Lemos:
Monique, está na hora de você voltar pra si. Você já é do mundo há muito tempo. Tá na hora de ser sua um pouco.
2019 eu voltarei pra mim.