Após a criação do Desabafo Social e do boom de produção de conteúdo nas redes sociais, comecei a fazer a pergunta que leva o título deste texto: É possível mudar o mundo? Eu realmente não sei a resposta. Mas o caminho que venho traçando, tem deixado indícios de possibilidades, ou melhor, esperança.
Tomei várias decisões difíceis e importantes para a continuidade ou o fim do trabalho que venho fazendo. E uma das decisões está relacionada a traçar caminhos reais para transformar algo ou alguma coisa. Seja a comunicação, educação, cidade e afins. E antes de chegar a conclusão, me questionei:
Monique, para disputar as narrativas, qual seria a melhor estratégia no momento?
Foi a partir deste questionamento que entendi a importância dos textões do Facebook, mas tinha consciência que poderia ocupar outros espaços onde as mensagens ressoassem mais rápido, alcancem um maior número de pessoas e a mudança acontecesse em curto ou médio prazo.
E por estar nesses espaços, reforcei algo que sempre comentei com amigos e pessoas mais próximas:
Não é necessário verbalizar e publicizar tudo que você faz.
O único risco que corro é sentar na cadeira do réu no tribunal das redes sociais. Mas estou bem tranquila. Afinal, as mudanças estão acontecendo, mas nem todas pessoas estão com olhos, mentes e corações abertos para enxergar. Eu faço o que acredito que é necessário fazer com as ferramentas que tenho. Fui aprendendo a enxergar onde deveria concentrar os meus esforços.
Mas compartilho com vocês alguns sinais de esperança.
No dia 21 de março, Dia Internacional contra a Discriminação Racial, o Desabafo Social lançou uma campanha #BuscaPelaIgualdade, convidado os bancos de imagem a repensarem os seus algoritmos de busca.
O experimento, retratado em quatro vídeos reais, mostra a busca por expressões nos bancos de imagens. Para o termo “pessoa”, procurado no Depositphotos, quase que a totalidade das imagens que aparecem é de pessoas brancas. Se a busca for por “pessoa negra”, os resultados mostram imagens de negros. Os resultados foram iguais ou muito parecidos nas buscas por outros termos. No iStock, a palavra buscada foi “pele”; no Shutterstock, “família”, e no Getty Images, “bebê ,”.
Depois desta ação, com mais de 5 milhões de interações nas redes sociais em 7 dias e sem gastar um centavo para impulsionar publicações, os bancos de imagem nos responderam. Conversamos sobre o racismo escondido nos algoritmos de busca e o que eles iriam fazer depois disso. O único banco que não nos respondeu foi o iStock, mas para nossa felicidade, eles começaram a mudar sua estratégia de comunicação e já é possível ver algumas mudanças em seus algoritmos.
Esse indício de esperança me deixou feliz ao saber que é possível mudar algo, inclusive os algoritmos dos maiores bancos de imagem do mundo.
Parafraseando o escritor Doc Comparato, 30% das pessoas admiram meu trabalho, 30% odeiam, 30% não emitem nenhum tipo de opinião e, apenas 10%, sabem quem eu sou. Vou um pouco mais longe. Há quem goste e não goste da minha pessoa por diversos motivos, há quem não aceite o lugar que estou ocupando e há quem não gosta do meu jeito de estar no mundo: hackeando por dentro.
O melhor de tudo isso são os aprendizados. Destaco alguns;
- Nenhuma ação precisa anular a outra. Não existe modo certo de fazer algo, existe o fazer.
- Muita gente vai opinar sobre suas decisões. Agora é só treinar os ouvidos e o coração para saber descartar aquilo que te paralisa e deixar ficar aquilo que te movimenta.
- Não permito que , em nome do coletivo, descartem e adoeçam minha individualidade.
- Alguns mundos já estão mudando, por exemplo, o meu. Mas também daquelas pessoas que estão com olhos, corações e mentes abertas e atentas para enxergar as mudanças a olho nú.
- Reforço – Não é necessário verbalizar e publicizar tudo que você faz. Estou tão em paz com isso.