Acerca da concepção ocidental, principalmente no que se refere ao antropocentrismo, cronologicamente deve-se começar a discorrer sobre a Grécia. Logo após Roma e o Cristianismo respectivamente.
Os gregos foram os primeiros à abandonar explicações religiosas a respeito da humanidade. Após a Antiguidade (5000a.C) passaram a enxergar , ou melhor, passaram a compreender que o homem era o centro do Universo, adotando, assim, o que chamamos de antropocentrismo. Além disso, utilizavam o método educacional conhecido como Paideia, caracterizado como a formação dos cidadãos tanto nos eixos sociopolíticos, quanto nos aspectos culturais. Para além da busca do conhecimento, a Paideia direcionava o cidadão grego para que pudesse interferir na vida política das pólis gregas.
A titulo de curiosidade, é interessante citar a tragédia grega Antígona. A peça é um drama social que aborda assuntos acerca do impasse entre leis divinas e leis humanas. Em se tratando de leis, podem derivar da natureza das coisas – divinas – , ou do poder político como instrumento de controle social – humanas. Mesmo havendo esses conceitos demarcados sobre o divino e o humano, ambos se entrelaçam e/ou se complementam, pois a s lacunas que as leis humanas não conseguem preencher, acredita-se que, em outra dimensão ou encarnação poderão ser preenchidas.
Tratando-se do conceito de virtude, no mundo grego, o filósofo Aristóteles abordou bastante sobre o tema. Para Aristóteles, o que distingue os cidadãos gregos dos demais é a virtude , a qual é adquirida a partir do hábito da busca do conhecimento e o uso da razão. Já para os romanos, a virtude está relacionada com o fazer justiça pelo mundo sob o domínio romano.
Enquanto que para os gregos a Paideia era de interesse do Estado, Humanitas – método educacional romano – era considerado responsabilidade da família. É possível notar essa atribuição à familia no texto de Cícero Nada em nossa vida escapa ao dever. O texto de Cícero demonstra o caráter familiar da educação. Cícero aborda questões de virtudes que estão relacionadas ao cumprimento dos deveres.
Na cultura/sociedade romana, o antropocentrismo estava tão aparente, que pode ser notado na religião. Antes do cristianismo se tornar religião oficial do Império Romano, havia o culto aos imperadores. Isto é, os cidadãos cultuavam seus imperadores como se fossem deuses. Percebe-se que o homem, nessa época estava ligado a divindade, mas não deixava de ser o centro do Universo. Percebendo o crescente número de cristãos, os romanos tornou o cristianismo como religião oficial, fortalecendo, assim, seu próprio poder. Porém, antes disso, os cristãos foram cruelmente perseguidos pelos romanos.
Santo Agostinho acreditava que o Estado deveria seguir a perfeição divina, tanto que, em seu livro A Cidade de Deus, pregou a superioridade do poder divino. É possível notar os conflitos entre cristãos e pagãos no filme Alexandria que possibilita a reflexão a respeito do poder, da justiça e da política.
Contudo, é possível observar que a cultura grega, romana e no cristianismo , existe a inclinação do homem para a justiça, sendo o homem a questão em debate, ou seja, tanto a religião, quando a formação educacional perpassava pela figura humana. Hoje, na sociedade contemporânea, outras questões estão sendo consideradas tão importantes quanto o homem, a exemplo da luta em defesa dos animais.
Monique Evelle
Salvador, 03 de julho de 2013