Somos cerca de 53% da população brasileira. Na Bahia somos 82%. Somos 77% da juventude que mais morre neste país por arma de fogo. Somos a maioria dos empreendedores do Brasil, mas continuamos atuando em atividades mais simples, de menor valor agregado ou de maior precariedade. Somos quem mais realiza trabalhos domésticos. Somos 60% dos estudantes nas escolas públicas. Somos maioria.
Em um país com maioria negra, apenas 3% dos eleitos em 2014 são negros. Os brancos continuam monopolizando os cargos públicos o que dificulta qualquer avanço para comunidade negra.
Eleições 2014 | Brancos | Pardos | Pretos | Amarelos | Indígenas |
Presidente da República | 1 | – | – | – | – |
Governadores | 20 | 6 | – | 1 | – |
Senadores | 22 | 5 | – | – | – |
Deputados federais | 410 | 81 | 22 | – | – |
Deputados estaduais | 776 | 250 | 29 | 2 | 2 |
Eleitos | 1229 | 342 | 51 | 3 | 2 |
Como se classificam | % da população | % de eleitos | |||
Brancos | 47,7 | 75,6 | |||
Pardos | 43 | 21 | |||
Pretos | 7,6 | 3,1 | |||
Amarelos | 1,1 | 0,2 | |||
Indígenas | 0,4 | 0,1 |
A MULHER NEGRA
É importante pensarmos também numa perspectiva de gênero e raça quando falamos sobre políticas públicas. As mulheres negras respondem por cerca de um quarto da população brasileira.
De acordo com os indicadores da publicação Retrato das desigualdades de Gênero e Raça, editada pelo Ipea em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR) e a ONU Mulheres, enquanto 69% das famílias chefiadas por mulheres negras ganham até um salário mínimo, este percentual cai para 41% quando se trata de famílias chefiadas por homens brancos.
A taxa de escolarização de mulheres brancas no ensino superior é de 23,8%, enquanto, entre as mulheres negras, esta taxa é de apenas 9,9%. Sobre o mercado de trabalho, a desigualdade só piora! Enquanto, em 2009, os homens brancos possuíam o maior índice de formalização (43% com carteira assinada), as mulheres negras apresentavam o pior (25% com carteira assinada).
Esse é um breve retrato da situação da mulher negra no território brasileiro.
ALGUNS AVANÇOS
Em 2003 foi criada Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) com objetivo de formular, coordenar e articular políticas e diretrizes para promoção da igualdade racial.
Sobre a educação para a comunidade negra, está o reconhecimento identitário. Podemos destacar a Lei 10.639, que inclui o tema História e Cultura Afro-Brasileira no currículo da rede de ensino e o Programa Universidade para Todos (PROUNI) que concede bolsas de estudos parciais ou integrais para estudantes de baixa renda em cursos de graduação em instituições privadas. Além disso, temos as cotas nas instituições públicas de ensino técnico e superior.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), três entre quatro beneficiados pelo Brasil Sem Miséria , política de inclusão social, são negros. Em 2014, por conta das ações do Brasil Sem Miséria, o Brasil se tornou referência mundial em políticas públicas de combate à pobreza, saindo do Mapa Mundial da Fome, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, de 2008 a 2013 houve aumento de 36% dos anos médios de estudos entre a população de baixa renda. Os dados revelam também que o programa Bolsa Família , de transferência de renda, colaborou para acompanhar a frequência escolar de crianças e jovens. O tempo de permanência nos estudos entre os 20% mais pobres saiu de 6,1 anos para 8,3.
EDITAL PARA JUVENTUDE NEGRA COMUNICADORA
Com a intenção de reconhecer iniciativas de jovens comunicadores negras e negros voltadas para a promoção da igualdade racial, a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) lançou no inicio de setembro o edital do Prêmio Antonieta de Barros. O prêmio irá contemplar atividades de comunicação relizadas pela juventude negra. Cada iniciativa receberá um prêmio de R$ 20.000,00
Os interessados podem inscrever as suas iniciativas até o dia 19 de outubro, protocolando o projeto pessoalmente na Seppir (Esplanada dos Ministérios, Bloco A, Brasília), enviando o material pelos Correios, ou mesmo via Internet, pelo e-mail premio.jovenscomunicadores@seppir.gov.br
Mais informações: Prêmio Antonieta de Barros
O Brasil nunca foi um país pacífico. O Brasil é um país racista, machista e lgbtfóbico!
FICA DICA
Um dos melhores livros que já li foi Corpo Negro Caído no Chão de Ana Luiza Flauzina. O livro aborda a questão criminal no Brasil. Ana Flauzina mostra algumas estratégias de desaparecimento e extermínio da imagem física do negro na sociedade brasileira.
O documentário Lápis de Cor, aborda o universo infantil e a maneira como o padrão de beleza eurocêntrico afeta a auto-imagem e auto-estima de crianças negras, revelando a ação silenciosa do racismo.
Lápis de Cor faz referência a uma cor de láis, conhecia como “Cor de Pele”, que , na verdade é um tonalidade bege. É essa cor que as crianças utilizam para representar a si mesmas e as pessoas do seu convívio.
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Parafraseando a feminista negra , Djamila Ribeiro, se você é acredita que já sofreu racismo por ser branco ou que conhece um amigo que sim, esse vídeo é pra você!
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