Eu fico bastante preocupada com algumas situações. Uma delas é quando parece não haver espaço para o novo em alguns ambientes. Vou explicar contando uma historinha bem tosca.
Era uma vez uma empresa super descolada. A empresa dos sonhos dos jovens e, principalmente, dos criadores de conteúdo. Seja youtubers, agências, filmakers etc. O nome da empresa era Radiola.
Todas quintas-feiras o time de inovação se reunia para pensar novos projetos. E para isso chamavam profissionais de fora para co-criarem. Uma vez a Radiola convidou os criativos do TamoJunto.
O TamoJunto tinha toda expertise para falar sobre gênero. A Radiola amou tanto, que todos projetos envolvendo gênero, só chamava essa galera. Mas começou a amar ainda mais que chegou um momento que TamoJunto passou a ser chamado para tudo que envolvia gênero, raça, PCD e afins.
Com o tempo, Radiola teve que ampliar o discurso sobre diversidade e continuou sendo a empresa mais amada do mundo. Mas de um lado, criativos que não faziam parte da TamoJunto começou a reclamar.
VOCÊS ACHAM QUE SÓ ELES SABEM FAZER ISSO?
A partir daqui vocês podem continuar a história.
As empresas têm um péssimo hábito de falar sobre inclusão e diversidade, porém só contratam as mesmas pessoas, as mesmas agências, os mesmos coletivos.
Quando a agência da menina da Zona Leste de São Paulo, terá a oportunidade de trabalhar para sua empresa? Quando o coletivo de comunicação do Complexo do Alemão vai descer para o asfalto e desenvolver um núcleo de inovação para seu time? Quando outras pessoas poderão mostrar para você que elas são boas?
Há muita gente boa espalhada, esperando só uma chance para ser descoberta. Mas toda essa chance escorre pelas mãos toda vez que a empresa continua insistindo em criar monopólios de diversidade.
Eu duvido que você consiga contratar pessoas fora da sua bolha! Mas caso isso aconteça e no dia que sua empresa parar de criar esses monopólios meritocráticos de diversidade e passar a fazer migrações econômicas de verdade , contratando pessoas diversas que não seja a TamoJunto, eu boto fé!