Cultura e MST

Falar sobre o MST não é nada fácil. E não me arrisco tanto a falar. Mas vamos lá! Nunca parei para ler realmente sobre o movimento, apesar de uma amiga-irmã ter nascido e crescido nos assentamentos e eu ter contato com ela, mesmo que distante.

A criminalização dos movimentos sociais na mídia transmite uma noção de verdade absoluta e inquestionável. Fora que o Ministério de Defesa considera os movimentos sociais como “força oponente” , tal como organizações criminosas. (http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/01/ministerio-da-defesa-iguala-movimentos-sociais-a-criminosos-e-os-considera-forca-oponente-8022.html). Aí pronto!

Os objetivos do MST estão explícitos no site www.mst.org.br: Lutar pela Terra, Lutar por Reforma Agrária e Lutar por uma sociedade mais justa e fraterna. Sendo que os objetivos estão garantidos na Constituição Federal, especificamente no capítulo III – Da Política Agrícola e Fundiária e a Reforma Agrária.

Considerando que o MST é um movimento orgânico de pessoas e que uma das bandeiras levantadas pelo movimento é o acesso à cultura relacionado com a dignidade e formação de valores, percebe-se a amplitude do conceito de cultura. Para o MST, o primeiro passo para mudança social é através da cultura ideológica e enquanto arte, ou seja, mudança na forma que escuta a música, como constrói o poema, como se veste, o que compra , o que produz , o que reproduz etc. Cultura para o MST é o jeito de viver, produzir e de reproduzir a vida, baseada na construção cotidiana de novos conhecimentos que são fortalecidos e renovados todos os dias.

Vale destacar uma coisa interessante. Antes do governo Lula, havia algumas políticas do governo anterior direciona aos trabalhadores sem terra, mas não houve sucesso e essas políticas públicas nunca se efetivaram. Sérgio Mamberti ficou encarregado em desenvolver a Secretaria da Diversidade Cultural, em que esteve por seis anos durante o primeiro governo Lula. O ministro Gilberto Gil e Sérgio Mamberti , criaram, junto ao MST, uma Rede Cultural da Terra. Isso passou a ser cada vez mais uma questão estratégica para que o Movimento pudesse se fortalecer culturalmente, politicamente, e do ponto de vista da cidadania.

A Rede Cultural da Terra é a iniciativa governamental de fomento à produção cultural do meio rural brasileiro. Os projetos são guiados por meio de parcerias entre os grupos, representados por seus entes e agentes, e órgãos representativos do Governo Federal. Tem como objetivo constituir e identificar uma rede de atividades tomando como referencial a produção cultural no campo, seguindo as diretrizes do programa: realizar oficinas de capacitação, atividades ligadas às artes plásticas, artes cênicas, artes visuais, literatura, música, artesanato, oficinas de cultura digital e mapeamento da memória cultural dos trabalhadores do campo.

Sobre o governo Lula finalizo por aqui, para que você, leitor, não ache que estou exaltando e colocando o PT no pedestal. Mas que é verdade isso que falei, é.

Mais do que ocupar terra, é o uso do que foi conquistado para troca de experiências, potencializar a cidadania, educar etc.

Um exemplo é o Cinema na Terra. As primeiras projeções foram realizadas na Marcha Nacional pela Reforma Agrária, em 2005. No início, foram exibidos curtas sobre a história do MST e da luta pela terra. Entre eles, Raiz Forte e Caminhando para o Céu. Agora, o projeto parte para a exibição de longas. Outro projeto legal é o Sem Terrinha. O Sem Terrinha, pelo nome já dá para perceber que é voltado ao público infantil, estimula as crianças à produção de conhecimento, através de atividades lúdicas até a participação de plenárias informativas e por ai vai..

Enfim, são várias iniciativas legais do MST que não iremos ver na mídia. Não deixarei nenhum outro link aqui. A busca é mais divertida e vai ser uma aventura surpreendente. Dá um procurada!

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