A tímida presença feminina em um espaço dominado por homens

Empoderamento feminino, dificuldades na carreira e machismo, são temas recorrentes nas conversas entre mulheres da cultura hip hop

Monique Evelle
Larissa Calixto

Nos últimos anos as mulheres passaram a ocupar um espaço maior no universo do hip hop nacional. Nomes como Karol Conká e Flora Matos ganharam destaque produzindo rap. Mas essas são apenas duas referências femininas, no universo dominado por homens como Emicida, Projota, Criolo, Mano Brown, Rashid dentre vários outros.

A conotação sexista das letras de rap  é uma questão que desagrada algumas mulheres do meio. Em 2013 o rapper Emicida lançou a música Trepadeira, causando polêmica e dividindo opiniões. O cantor divulgou uma nota pública explicando que a música fala de uma história ficcional, mas isso não foi o suficiente para convencer a estudante Marina Lima. Para Marina a música tem diversas passagens machistas.

“A música desfaz da mulher, como se ela não tivesse o direito de ter mais de uma relação. Gosto de Emicida, mas essa música é inadmissível”, declara. 

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Priscila Passos – Fotografia: André Costa

O estilo das minas– Usando bonés, cabelos black power e roupas coloridas as meninas do hip hop estão buscando se afirmar através da moda e atitude na forma de se vestir.  Poucas mulheres que faziam parte do movimento vestiam roupas largas, de forma “masculinizada” para chamar atenção pela rima e não pelo corpo. Hoje essa liberdade de se apresentar como mulher no hip hop está evoluindo pelo crescimento do ativismo para a conquista de espaços femininos que antes não ocupavam. A dançarina de Popping Dance, Priscila Passos, afirma que tem dificuldade em deixar de vestir roupas masculinas. Agora ela está tentando mudar seu estilo. As marcas de roupa voltadas à cultura hip hop está atenta ao crescimento da participação feminina e têm coleções voltadas para esse público, como o Laboratório Fantasma.

Fé Nas Meninas - HIP HOP - Coletivo Boom Clap
Fé Nas Meninas Hip Hop – Fotografia André Costa

Projetos voltados para as mulheres – Em março deste ano, aconteceu a primeira edição Fé Meninas Hip Hop em Salvador, uma celebração do Hip Hop ao Dia Internacional da Mulher. O evento buscou celebrar com arte o dia de luta e resistência das mulheres. A segunda edição está prevista para julho, garantindo a visibilidade da mulher na cultura hip hop independente de datas comemorativas.

Há dois anos ocorre em Salvador, no Pelourinho, o 3º Round – Circuito de Rima Improvisada onde acontecem batalhas entre rappers. De acordo com  Lisia Lira, do coletivo Boom Clap, organizador do evento, poucas mulheres participaram das batalhas. Mira Potira participou na primeira temporada, Priscila Sina e Muza Mariano participaram na última edição. O evento contou também com a DJ Nai Sena.

Junto com a grafiteira Sista Kátia, a Mc Mira Potira organiza encontros com mulheres de Salvador que tem interesse em começar a rimar e por algum motivo não tem coragem, o Rima Mina tem o intuito de ensinar as meninas a arte do improviso nas batalhas de rima.

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3 º Round – Fotografia Deni Rodrigues

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