Educação Pública, Movimentos Sociais e ENEM

Por Pedro Batalha e Monique Evelle

Você se considera parte de algum movimento social? Estudou ou estuda em escola pública? Então você vai entender o iremos falar aqui.

Nós, militantes de coletivos partidários ou não, somos extremamente privilegiados por fazermos parte de uma rede de conhecimento acadêmica que a maioria da população (lê-se negra de escola pública) não tem acesso. Nossa luta na  não é somente um trabalho pautado em políticas públicas, mas também um trabalho de resgate a essa população tão marginalizada.

Devemos lembrar que os militantes negros de agora, tiveram dificuldades extremas em conseguir compreender determinados temas e assuntos quando começaram a particiar de movimentos sociais.  É uma conquista para nós, que viemos de uma educação precária, termos a oportunidade de responder uma questão do ENEM baseada nos estudos de ativismo social.

Não podemos esquecer que em março deste ano, aconteceu uma audiência na Comissão de Educação da Câmara Federal para debater sobre Doutrinação Política e Ideológica nas escolas. Leia-se: contra a diversidade de ideais na sala de aula. Para o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF), autor do Projeto de Doutrinação Política nas Escolas, os educadores brasileiros têm viés ideológico de esquerda e são ameaças para os estudantes. E já podemos ver o efeito desastroso de um projeto que ainda não foi votado. O professor de geografia Breno Mendes, foi demitido pela prefeitura do Rio de Janeiro por expor em redes sociais opiniões contrárias às políticas públicas de educação. Além disso, houve a retirada  da discussão de gênero e diversidade dos Planos Municipais de Educação.

Compreender e saber responder questões do ENEM que abordam Simone de Beauvoir, Paulo Freire, Weber, MST , Panafricanismo e outros, é reconhecer a importância do ciberativismo, das rodas de debates nas praças públicas, da militância, da educação popular, visto que as escolas não estão dando conta desses debates.

É importante entendermos que os negros e negras que tiveram acesso à Ensino Superior, já estiveram no lugar daqueles que não souberam responder a questão de Beauvoir e hoje, por conta dos debates, militância e outros fatores, conseguem responder. Isso pode não ser uma vitória completa por que nossos pares ainda estão em situações complicadas. Mas não se deve desmerecer nenhuma vitória, mesmo se essa vitória é saber responder UMA questão do ENEM com total confiança.

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