Desabafo Social: Metodologia Progressista

O Desabafo Social possui diversas iniciativas. Podemos destacar as Oficinas e o Desabafo Social nas Ruas. As oficinas são momentos de formação, discussão e produção sobre as temáticas voltadas para os direitos humanos da infância e da juventude, comunicação e cidadania. As oficinas são produzidas nos espaços de convívio da criança, do adolescente e do jovem, como centros culturais e acadêmicos. O Desabafo Social nas Ruas é o momento de ocupação dos espaços públicos para uso sociocultural e educativo, dialogando com crianças, adolescentes e jovens, levando a discussão para o campo popular.

Considerando os saberes necessários a prática educativa, explicitadas por Paulo Freire (1996), o Desabafo Social realiza ações voltadas para garantir a autonomia dos participantes e colaboradores. Ou seja, há respeito e valorização da cultura e dos saberes populares de cada sujeito. “Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professore ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar.” (FREIRE, 1996, p. 41)

A partir dessa linha de pensamento, o Desabafo Social estimula crianças, adolescentes e jovens à curiosidade, questionando o ser e estar no mundo, mostrando diversas possibilidades de intervenções, experiências exitosas e diversas interpretações sobre um mesmo assunto. “Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que percebemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios de recreio […]” (FREIRE, 1996, p. 42)

O Desabafo Social compreende a importância dos espaços informais de convivência. Por isso acredita e aposta nas atividades informais com o uso da linguagem adaptada decodificando termos para um vocabulário de fácil entendimento a um cidadão comum, criando espaços de possibilidades para produção e construção do conhecimento.

As crianças, os adolescentes e jovens precisam cada vez mais ousar em criar, mas para isso é necessário garantir os direitos já preconizados nas legislações vigentes, especialmente, o direito à participação juvenil e à comunicação.“Não se trata obviamente de impor à população espoliada e sofrida que se rebele, que se mobilize, que se organize para defender-se, vale dizer, para mudar o mundo. Trata-se, na verdade [..] de, simultaneamente com o trabalho específico de cada um desses campos, desafiar os grupos populares para que percebam, em termos críticos, a violência e aprofunda injustiça que caracterizam sua situação concreta”. (FREIRE, 1996, p. 79 e 80)

O Desabafo Social serve como colaborador da construção de pensamentos críticos, a partir de comparações, de escolhas, de decisões e estímulos para crianças, adolescentes e jovens, formando assim uma ação político-pedagógica. Diante disso, é possível notar os resultados da metodologia progressista utilizada pela rede, a partir do momento que uma criança, um adolescente e/ou jovem que participou das atividades, começam a questionar a sociedade classicista e a enxergar sua importância como cidadão para que haja transformação social.“Vivemos numa sociedade totalmente desigual. Enquanto as pessoas não enxergar o adolescente ou jovem como forças potentes de mudanças, nada vai mudar.” (SANTANA, Luã, 17 anos.)

Portanto, as metodologias reinventadas pelo Desabafo Social, facilita o contato com o público infanto-juvenil , estimulando-os à autonomia crítica.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

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